Li esse texto no Blog de Gabriel Chalita e chamou-me a atenção para realmente o que devemos falar, quando falar e porque falar.
As vezes precipitamos em dizer algo achando que estaremos agradando ou ajudando alguém.
Os Três Crivos de Sócrates
Somos responsáveis não apenas por nossos atos, mas também por nossas palavras. Parece evidente, mas o fato é que nem sempre damos a devida atenção ao que parece evidente. Envolver-se em fofocas, repassar informações sem conferi-las e dar corda a boatos é uma tentação a qual todos estamos expostos. Só que não há nada de inocente nisso. É assim que comprometemos a reputação dos outros e também a nossa. Uma boa forma de evitar essa armadilha é refletir sobre as palavras de Sócrates. O grande filósofo grego tinha um método imbatível para não se deixar envolver pelo perigo das redes de intrigas. Um dia, quando Sócrates conversava com seus discípulos em Atenas, um homem aproximou-se e, puxando-o pelo braço, lhe disse: - Precisamos conversar em particular. Tenho uma coisa urgente para lhe contar. Sócrates respondeu: - Espere um pouco. Você já passou isso que vai me dizer pelos três crivos? - Como assim? Que crivos? – Espantou-se o homem. - O primeiro é o crivo da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é verdade? - Certeza não tenho, mas muita gente está falando, então... - Bem, se não passou pelo crivo da verdade, deve ter passado pelo da bondade. O que você está prestes a me dizer é algo bom, não? O homem hesitou. - Bom não é. Muito pelo contrário. - Se talvez não seja verdade, e com certeza não é bom, resta o terceiro crivo. Há alguma utilidade no que você quer me contar? O homem pensou um pouco. - Não sei bem, acho que não... - Neste caso, se sua história não é verdadeira, nem boa, nem útil, não perca seu tempo contando-a, pois nenhum proveito pode-se tirar dela -, disse o filósofo, encerrando a conversa.
Você conhece alguém que fala mais do que deve? Você fala mais do que deve? Já se arrependeu de ter dito alguma coisa? Pois é, sofremos de incontinência verbal.
É antigo o ditado que nos lembra de que temos uma boca e dois ouvidos. Que devemos ouvir mais e falar menos. Mas isso não é fácil.
Em momentos de briga, fala-se muita coisa desnecessariamente. Lembranças ruins do passado. Acusações bobas. “Nunca me esqueço! Faz 40 anos, mas eu nunca me esqueço de quando você me chamou de burra. Estávamos casados há um ano”. Ou ainda: “Eu o avisei, mais uma namorada que abandona você. Eu disse que as mulheres que o conhecem acabam indo embora. Só falo isso porque sou seu amigo”.
Em uma mesa de conversa, sempre há aquele que ouviu alguma história e sem a menor preocupação com a verdade fala: “Eu ouvi dizer que fulano é caloteiro. Não quero ser injusto, não gosto de fofoca, mas me parece que ele não paga ninguém”.
É atribuído a Sócrates um diálogo em que os seus discípulos vieram falar sobre a vida dos outros e ele perguntou, ensinando: “Vocês já passaram pelos três crivos antes de me contar?” Os crivos são verdade, bondade e necessidade. “É verdade? Vocês têm provas? É bom? Não vão magoar ninguém? É necessário? Tem alguma coisa a ver com a vida de vocês ou com o bem público? E os discípulos se calaram, e Sócrates voltou a falar de filosofia.
A palavra tem poder. Que esse poder seja usado para fazer o bem. Palavras ditas sem amor podem ferir.
Que tal pensarmos antes de falar? Que tal fazermos a experiência do ouvir mais, para aprender, e falar apenas o necessário, para ensinar?
Gabriel Chalita ( Revista Canção Nova – março de 2011)
2 comentários:
Sou professor de História aposentado, ultimamente dedico ao meu blog, tucanlino-dominus blogspot. com,ao que você disse sobre o professor, concordo plenamente, antes de tudo o educador, professores existem muitos, já fui diretor de escola e sei do que estou falando, parabéns pelo blog.
È verdade Anibal ! A escola deve cumprir um papel humanizador e socializador, de nada adianta essa parte ser cumprida se os professores não fazem o papel de Educadores. Resumo o contexto com as palavras do escritor Uruguaio Eduardo Galeano em seu livro: "O Livro dos Abraços" que diz assim : O pai ou o educador não é aquele que ensina ao filho ou ao aluno como é o mar, mas o que, junto com o filho ou o aluno, leva-o a descobrir e a se apropriar do(s) mar(es) mundo que ele vê com os olhos, sente com o coração, deseja com a alma, constrói com a cabeça e as mãos, e sonha com os seus sonhos.
Obrigado pela leitura e pelo comentário. Encontro-me seguidor de seu Blog também. Um grande abraço e vamos, por aqui, trocando experiências.
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