BRASÍLIA - Um inusitado acordo entre católicos e evangélicos permitiu  a aprovação nesta quarta-feira do tratado celebrado entre o governo  brasileiro e o Vaticano. Depois de quatro horas de discussão, o texto  foi aprovado por votação simbólica. Ainda será votada a Lei Geral das  Religiões, de interesse dos evangélicos, como compensação. 
Os opositores do tratado argumentaram que trata-se de um privilégio  para a Igreja Católica e que o documento fere o princípio da laicidade  do Estado. Os evangélicos fizeram discursos contra, apesar do acordão  para aprovação do projeto, o que só ocorreu depois de quatro horas de  discussão.    
- É um privilégio para apenas uma religião em detrimento às demais -  disse o evangélico Takayama (PSC-PR).
O texto da Lei Geral das Religiões é uma cópia do tratado do Brasil  com a Santa Sé. A única diferença é que a expressão Igreja Católica é  excluída ou substituída por "todas as confissões religiosas". O tratado  entre Brasil e Vaticano é um acordo internacional e não pode ser  modificado pelo Congresso, que o aprova ou o rejeita na íntegra. Um dos  pontos mais polêmicos envolvia o ensino religioso. Para os evangélicos, o  tratado prevê que as escolas adotarão o catolicismo nessas aulas. O  Ministério da Educação chegou a se pronunciar contra esse artigo, com  este mesmo receio.
Antes da votação, o autor da Lei Geral, George Hilton (PP-MG),  circulava tranquilo pelo plenário, certo do cumprimento do acordo.
- Já está combinado: aprovamos o deles e eles aprovam o nosso - disse  Hilton.
Eduardo Cunha, ligado aos evangélicos e relator do projeto da Lei  Geral das Religiões, foi o principal artífice da negociação. Ele  conseguiu número de assinaturas de líderes suficientes para dar caráter  de urgência ao texto. Indignado, Chico Alencar (PSOL-RJ) criticou o  acordo entre católicos e evangélicos.
- É um acordo que libera de vez o mercado da fé. Uma demonstração de  que amam mais o dinheiro que a Deus - disse.
Fonte: O Globo

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