terça-feira, 28 de setembro de 2010

Do Bom e do Melhor


Estamos obcecados com “o melhor”. Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do “melhor”. Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor homem, o melhor vinho.

Bom não basta. O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com “o melhor”. Isso até que outro “melhor” apareça - e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor de repente nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.

O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, um eterno desassossego. Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros!...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.

Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque “é o melhor cargo da empresa”? E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem “o melhor chef”? Aquele xampu que eu usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo “melhor cabeleireiro”?

Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o “bom” que já temos. A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito. O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens “perfeitos”. As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo. O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem. O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.

Será que a gente precisa  mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e, na busca do “melhor”, a gente nem percebeu?... Este texto foi escrito pela jornalista Leila Ferreira no blog Nós Mulheres da revista Marie Claire.

Realista

A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. 
Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão. 
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio. Dinheiro é uma benção.
Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente.
 A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade.
Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz.
Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.
Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração.
Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade

Mário Quintana

domingo, 26 de setembro de 2010

Lembranças


A alguns anos recebi esse "poema" de uma amada amiga. O mesmo foi escrito em Dezembro de 1990. E essa amiga, tornou-se  nos dias atuais uma Engenheira renomada a qual acompanhei sua carreira desde a faculdade. No início foi uma brincadeira a qual fazíamos com as letras do nome da pessoa, e de meu nome, rendeu-me esse maravilhoso poema. Obrigado pelo seu carinho e pela sua amizade, foram tempos de verdadeiro esplendor.
Amanhãs sempre virão;
Nasceu aí ,esperança
Dias melhores virão!
Renove-se a cada dia
Esmere-se em fazer/ser o melhor.

Lute por tudo aquilo que possa fazer-te feliz
Ultrapasse barreiras! Vença os seus limites!
Inspire-se sempre na simplicidade para alcançar a complexidade
Zumbrir-se ?  Jamais !

Grandes vitórias surgiram sempre de grandes batalhas
Aproxime-se, solte-se, permita-se !
Recorde os bons momentos vividos e 
Coloque no porão da memória os que não merecem sequer uma lembrança
Inovando a cada dia os seus objetivos
Amanhãs sempre haverão ......mas o hoje é o que importa

Depende de você,
Esmerar-se em fazer do seu "hoje" um

Ontem do qual você queira se lembrar sempre
Liberte-se !
Inicie mais uma caminhada,
Vivendo cada momento intensamente,
Esperando nem sempre tudo quanto você merece mas,
Imaginando sempre o melhor e,
Relembrando que 
Amanhã é outro dia, dia de RECOMEÇAR !

Minha grande amiga, Nilzete Morais de Oliveira. Engenheira, Mulher, Poetisa, Amiga e tudo o mais.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Saber Viver !!


Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Juventude

Frequentemente se diz que os jovens perderam o respeito, os ideais, a meta. Ora, isso não é de hoje; sempre o jovem recebeu uma pecha de arquétipos negativos. Há 5000 anos, no alto nilo, uma pedra recobriu um túmulo egípcio. Nela estava gravada esta frasedesconsolada: "A juventude está se desagregando".
Há uma bela inscrição feita em granito, que se encontra em um jardim em Verona, na Itália:
 
A juventude não se mede pela idade.
Juventude é um estado de espírito que se baseia no querer.
Juventude é a disposição para fantasias, a ponto de transformar em realidade a fantasia.
Juventude é a vitória da disposição contra a acomodação.
Juventude é o gosto pela aventura, superando o amor ao conforto.
Ninguém envelhece simplesmente porque viveu determinado número de anos.
Envelhece aquele que abdica dos ideais.
Assim como o passar dos anos se reflete no organismo, a falta de empolgação se reflete na alma.

Ser jovem pode significar ter 60 ou 70 anos e conservar a admiração pelo belo, pelo fantástico, pelas idéias brilhantes, pela fé nos acontecimentos. Pode significar conservar o desejo insaciável da criança por tudo o que é novo, o instinto pelo que é agradável, pelo lado feliz da vida.
Ser jovem é não perder a capacidade de indignação e de luta. A aceitação passiva de todas as mazelas sociais e políticas é característica de quem perdeu a juventude. O jovem acredita no sonho, na utopia, na transformação da realidade. Ele sofre com a injustiça e clama por tempos melhores. O jovem é simples e tem uma fantástica disposição para a vida sem temer o novo; conserva uma mensagem de grandeza e de força que é peculiar ao ser humano. Essa é a marca de mulheres e homens que entregaram a juventude para grandes causas, a marca dos que não se acovardaram.

(In: Gabriel Chalita. A solução está no afeto, 2001, pág. 35)
Imagem: http://brunocovas45145.com.br/wp-content/uploads/2010/08/a_juventude_pode_mover_o_mundo.jpg


LEMBRANÇAS

Não gosto de falar da infância. É um tempo de coisas boas, mas sempre com pessoas grandes incomodando a gente, estragando os prazeres. Recordando o tempo de criança vejo por lá um excesso de adultos, todos eles, mesmo os mais queridos, ao modo de soldados e policiais do invasor, em pátria ocupada.
Fui rancoroso e revolucionário permanente, então. Já era míope, e nem mesmo eu, ninguém sabia disso. Gostava de estudar sozinho e de brincar de geografia. Mas tempo bom de verdade só começou com a conquista de algum isolamento, com a segurança de poder fechar-me num quarto e fechar a porta. Deitar no chão e imaginar estórias, poemas, romances, botando todo mudo conhecido como personagem, misturando as melhores coisas vistas e ouvidas.
Guimarães Rosa

sábado, 4 de setembro de 2010

O tempo e as Jabuticabas

'Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras,  ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.  
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.  
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'. 
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão-somente andar ao lado do que é justo.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.'

O essencial faz a vida valer a pena.

Imagem - culturadigital.br